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Derrubando as Fortalezas em Sua Cidade
Derrubando as Fortalezas em Sua Cidade

Como usar o mapeamento espiritual para tornar suas orações mais estratégicas, eficazes e com um alvo bem definido.

As Fortalezas...

 Dizem que, durante a Guerra do Golfo Pérsico, Saddam Hussein lançava os seus foguetes Scud, e então, ficava ouvindo o programa da Televi­são CNN para descobrir se eles haviam acertado o alvo. Os aliados, por sua vez, atacavam com bombas dotadas de pontaria infalível, que apontavam exatamente para as chaminés ou janelas que deveriam atingir. Acredito que é tempo dos crentes começarem a orar com uma pontaria infalível.

Este livro desvenda as astúcias do diabo, e desven­da os alvos de oração que forçarão o inimigo a liberar milhões de almas perdidas, atualmente mantidas em cativeiro. Sinto-me vibrante porque Deus nos deu uma maravilhosa arma nova para entrarmos em uma guerra espiritual eficaz!

Introdução

Esta é uma daquelas Introduções que você faria bem em ler, antes de continuar lendo o resto des­te volume! O mapeamento espiritual é uma questão tão recen­te, que poucos que tomarem este livro para lê-lo terão muito pano-de-fundo em sua mente que lhes prepare o caminho. Mas para aqueles que já estiverem bem infor­mados sobre a guerra espiritual em nível estratégico, isso não será tão difícil, visto que já terá sido estabeleci­do um paradigma mental. Para outras pessoas, no en­tanto, este livro servirá de ponto de sintonia, quanto àquilo que considero uma das coisas mais importantes que o Espírito Santo está dizendo às igrejas, nesta década de 1990; e esta introdução será extremamente útil quanto a esse processo.

APARECIMENTO DO MAPEAMENTO ESPIRITUAL

Pessoalmente, eu nunca tinha ouvido a expressão "mapeamento espiritual" nas décadas de 1970 ou 1980. Mas tão recentemente quanto o ano de 1990, em uma reunião de uma pequena organização chamada de Spiritual Warfare Network, ouvi o pastor Dick Bernal, do Jubilee Christian Center, dizer como os líderes e intercessores de sua igreja tinham tentado identificar os principados espirituais das diferentes cidades e da região em torno da área da baía de São Francisco. Outros participantes da reunião questionaram a sabedo­ria de fazer-se tal coisa, resultando daí uma vívida discussão. Supo­nho que alguém já estivesse usando o termo, antes daquela ocasião, mas, pelo menos para mim, aquela foi a primeira vez que ouvi falar em tal conceito.

Seguiu-se uma rápida sucessão de eventos, e o desfecho foi que a Spiritual Warfare Network tornou-se parte integrante da United Prayer Track, um ramo do A.D. 2000 Movement. O A.D. 2000 Movement foi levantado por Deus, como a principal força catalisadora das múltiplas igrejas, agências, ministérios e denominações ao redor do mundo, tendo em vista um esforço conjunto que visa completar a tarefa da evangelização do mundo, pelo menos, tanto quanto possível, aí pelo ano 2000. Essa é uma organização formada por pessoas co­muns, e suas atividades foram delegadas a dez teias de recursos se­paradas. Minha atual responsabilidade é dirigir a A.D. 2000 United Prayer Track, que está edificando uma base global de oração, que dê respaldo aos esforços de todos os demais ramos do movimento de evangelismo como um todo.

A unidade mais proeminente, dentro da United Prayer Track é a Divisão de Mapeamento Espiritual, liderada por George Otis, Jr., co-coordenador da Prayer Track. O estabelecimento dessa divisão tem elevado o perfil desse novo campo de ministério, a fim de atingir di­mensões mundiais. Nós, do A.D. 2000 Movement, não estamos mais discutindo se deveríamos fazer mapeamento espiritual. Agora estamos concentrando as nossas energias sobre como fazer bem esse mapeamento.

Filtrando as Divisões

Não é nenhum segredo que a intercessão, a guerra espiritual, o manu­seio das forças demoníacas e, ultimamente, o mapeamento espiritual tendem por atrair uma quantidade além do normal do espírito de divi­são. Os autores deste livro, a Spiritual Warfare Network, a United Prayer Track, a Spiritual Mapping Division e o A.D. 2000 Movement levam a sério a sua responsabilidade de filtrarem o espírito de divisão tanto quanto possível, fazendo isso mediante a organização de um sistema de prestação de contas, o que nos ajuda a nos resguardarmos de apelas para o espírito de divisão. Estamos nos esforçando por lan­çar alicerces para um ministério bíblico, teológico e pastoralmente sensível, para que seja feito um mapeamento espiritual dotado das qualidades da excelência e da integridade. É provável que nós mes­mos cheguemos a cair em equívocos; mas esperamos que, quando assim venha a acontecer, logo possamos notá-los, a fim de podermos corrigi-los prontamente.

QUAL A RAZÃO DESTE LIVRO?

Dentro de cinco anos, ou mesmo dentro de dois anos, após este livro haver sido escrito, certamente saberemos mais sobre o mapeamento espiritual do que sabemos atualmente. Não obstante, na providência divina, ele tem levantado um grupo de pessoas, por en­quanto bastante pequeno ainda, provenientes de muitos lugares do mundo, que na verdade vem fazendo mapeamento espiritual faz mais de vinte anos, o que significa que têm podido acumular considerável experiência nesse campo.

Acredito que, mais do que qualquer outro livro que já escrevi, este tem emergido da orientação imediata de Deus. Eu tinha planeja­do escrever uma série de três volumes sobre a oração, a começar por dois deles, com os títulos Oração de Guerra e Escudo de Oração, ambos os quais seriam publicados pela editora Regal Books. O tercei­ro volume deveria ser um livro acerca da oração no que tange à igreja local. Todos os três volumes visam ao propósito de ver que uma ora­ção estratégica, dotada de alvos definidos, contribua para a acelera­ção da evangelização do mundo. Deus, entretanto, me fez interromper a seqüência, e senti fortemente que eu devia preparar em seguida este volume que versa sobre o mapeamento espiritual, porquanto Deus queria que os líderes das 

igrejas locais contassem com um guia práti­co para implementar o que o Espírito está dizendo, no presente, acer­ca do mapeamento espiritual.

Quando comecei a apresentar a objeção de que eu não sabia o suficiente sobre o mapeamento espiritual para escrever o livro inteiro, Deus pareceu tornar-se mais específico. Lembro-me claramente de que, em um período de oração, em um hotel em que eu estava hospe­dado, em Portland, estado do Oregon, senti poderosa unção da parte do Senhor, e, em menos de quarenta e cinco minutos, eu já havia anotado, em meu bloco de papéis amarelos, o esboço básico do livro que o leitor tem agora nas mãos. Sem dúvida alguma, outros líderes evangélicos do mundo poderiam igualar os discernimentos e a sabe­doria desses autores; mas duvido que muitos conseguiriam ultrapassá-los. Aqueles que contribuíram para este volume procedem dos Esta­dos Unidos da América, da Suécia, da Guatemala e da Argentina. Cada um deles iniciou-se no mapeamento espiritual sem qualquer trei­namento prévio e sem ter entrado em contato com outros que esta­vam fazendo a mesma coisa. Mas atualmente comunicam-se uns com os outros através da Spiritual Warfare Network, e estão todos admi­rados e agradecidos de que, durante anos, eles tenham recebido, indi­vidualmente, instruções similares da parte do Senhor.

CONHEÇA OS AUTORES CONTRIBUINTES

Em que consiste o mapeamento espiritual? Vários de nossos pen­sadores têm oferecido as suas respectivas definições, todas as quais se reforçam e complementam umas às outras. A definição condensada e não-técnica é a seguinte: Uma tentativa para ver nossa (preen­cher neste espaço a região a ser mapeada) como ela realmente é, e não como parece ser. Essa definição foi dada por George Otis Jr., o qual, por meio de suas obras como The Last of the Giants (Chosen Books) e seu ministério mundial com o The Sentinel Group e o A.D. 2000 United Prayer Track, é considerado por muitos, inclusive por mim mesmo, como o principal líder evangélico neste campo. Fiquei deleitado quando George concordou em contribuir com o primeiro capítulo deste livro, provendo uma visão panorâmica do mapeamento espiritual em geral.

Na qualidade de fundadora e presidente da Generals of Intercession, Cindy Jacobs sobressai-se tanto no ensino quanto na guerra espiritual em nível estratégico, liderando pastores e intercessores para que ponham em prática, na realidade, essa atividade no campo. O capítulo escrito por ela sobre as fortalezas haverá de esclarecer muitas perguntas que, com 

freqüência, são apresentadas. O livro de Cindy, Possuindo as Portas do Inimigo (Editora Atos), é um iluminador manual de treinamento que visa a uma intercessão militan­te, e tem sido altamente aclamado.

Kjell (pronuncia-se "Xel") Sjöberg é conhecido por causa de seu ministério de intercessão espiritual em nível estratégico, orações de ação profética e mapeamento espiritual. Ele vem trabalhando nesse campo por mais tempo do que quaisquer outros autores. Seu livro, intitulado Winning the Prayer War (Sovereign World), tem arado o terreno à nossa frente, nesse campo. Até onde sei das coisas, nin­guém havia relacionado o mapeamento espiritual com a oração de ação profética, com o discernimento e a experiência prática que Kjell nos apresenta em seu capítulo.

Juntamente com o meu capítulo sobre "O Visível e o Invisível", que considero um dos mais importantes ensaios que tenho escrito em anos recentes, esse grupo provê a seção de "Princípios" deste volu­me. Para a seção "Prática" escolhi três praticantes de três nações diferentes, cada um dos quais está profundamente engajado no mapeamento espiritual, e cada um começou as suas atividades virtu­almente sem qualquer ajuda, instrução ou modelo que pudesse seguir.

A Seção Prática

Haroldo Caballeros, o pastor da Igreja El Shaddai, da Guatemala, que atualmente tem como membros ativos o presidente da Guatemala e seus familiares, é o primeiro pastor em cujos estudos pessoais desco­bri mais compêndios sobre arqueologia do que comentários sobre a epístola aos Romanos. Não que Haroldo negligencie uma exposição bíblica suficientemente informada, em seu ministério pastoral, mas é que ele leva muito a sério a necessidade de compreender as forças espirituais que têm moldado a sua comunidade, desde os dias do impé­rio maia. O capítulo por ele escrito levará o leitor diretamente ao cerne da questão.

Bob Beckett talvez tenha sido capaz de monitorar mais de perto do que qualquer dos outros autores os resultados reais do mapeamento espiritual e da guerra espiritual em nível estratégico, em sua igreja local, chamada The Dwelling Place Family Church, e em sua comuni­dade de Hemet, estado da Califórnia. Ao ensinar meu curso sobre esse assunto, no Seminário Teológico Fuller, sempre peço que Bob apresente uma preleção sobre mapeamento espiritual e, então, levo toda a classe a Hemet para fazer um mapeamento espiritual ao vivo, para que Bob dirija 

esse mapeamento. Quando você estiver lendo o capítulo escrito por ele, obterá um bom vislumbre daquilo que os alu­nos do Seminário Teológico Fuller estão aprendendo com a ajuda de Bob Beckett.

Não consideramos que o mapeamento espiritual seja uma finalidade em si mesma. Mas vemos uma relação de causa e efeito entre a fidelidade do povo de Deus à oração e a vinda do seu Reino.

Menciono Víctor Lorenzo com freqüência, em meu livro, Ora­ção de Guerra (Editora Bompastor), porque a Argentina tem emer­gido como o nosso principal laboratório de campo para submeter a teste a guerra espiritual em nível estratégico e porque Víctor tem sido um dos principais personagens nesse processo. Conforme ele expli­cou, ele tem trabalhado muito lado a lado com Cindy Jacobs. Dentre todos os autores, Víctor é o que tem descoberto maior número de informações sobre as forças do inimigo em dada cidade, incluindo a descoberta dos nomes próprios de alguns dos espíritos territoriais. Os resultados, no campo do evangelismo, têm sido gratificantes.

A Aplicação

Adicionamos a seção final, intitulada "Aplicação", para ajudar a res­ponder uma das mais freqüentes indagações que me são dirigidas: Como é que um pastor de Pumphandle, estado de Nebraska, que não é um Kjel Sjöberg ou uma Cindy Jacobs, pode ficar preparando mapeamento espiritual? Mark McGregor ajusta-se a essa descrição. Ele é um crente dedicado, embora nunca tenha sido consagrado ao ministério, um programador de computador que trabalha por tempo integral, e que deseja servir ao Senhor ao máximo de suas potencialidades. Ele é o único contribuinte para este volume que não está afiliado à Spiritual Warfare Network. A fim de mapear a sua cidade de Seattle, ele simplesmente tomou a lista de perguntas que aparece no livro de John Dawson, Reconquiste Sua Cidade Para Deus (Editora Betânia), e escavou os informes necessários consul­tando livros e outros recursos disponíveis para o público, como biblio­tecas, prefeituras ou sociedades históricas. Não estamos dizendo isto para diminuir Mark, mas se ele pôde fazer isso, você também poderá fazê-lo. Leia o capítulo escrito por ele para obter a idéia geral do tipo de informações que se fazem necessárias.

O simples recolhimento de informes é um passo essencial, embo­ra ainda não seja suficiente. É nessa altura que pessoas dotadas de dons espirituais específicos, experiência e maturidade, precisam en­trar. Uma dessas pessoas é Bev Klopp, que há anos é reconhecida como uma intercessora e membro da equipe de intercessores da Spiritual Warfare Network. Usando o dom de discernimento de espíritos que ela recebeu, juntamente com anos de experiência no campo da ora­ção em favor de Seattle, Bev provê um modelo de interpretação de informes e de identificação de alvos. Quando você estiver pronto para passar do recolhimento de informes para o campo de batalha, certifi­que-se de que conta com alguns crentes como Bev Klopp em sua equipe.

No capítulo anterior, respiguei informes daquilo que outros têm dito neste livro, reunindo um instrumento de mapeamento espiritual que pudemos sugerir, e que alguns leitores poderão sentir ser útil, ao entrarem nessa produtiva área do ministério.

QUÃO ÚTIL É O MAPEAMENTO ESPIRITUAL?

Conforme têm salientado diversos dos nossos contribuintes, não con­sideramos o mapeamento espiritual como uma finalidade em si mes­ma No entanto, cremos que é desejo de Deus que oremos: "Venha o teu reino; seja feita a tua vontade" (Mt 6.10). Também podemos ver uma relação de causa e efeito entre a fidelidade do povo de Deus à oração e a vinda do seu Reino. Quando a vontade de Deus está sendo feita na terra, vemos pessoas perdidas serem salvas; pessoas enfermas serem curadas; pessoas empobrecidas recebe­rem o essencial para a vida secular; o fim de guerras, contendas e derramamento de sangue; pessoas oprimidas que são libertadas; governos justos serem levantados; práticas justas e equitativas no mundo dos negócios; harmonia entre as raças — para mencionar­mos apenas alguns desses benefícios.

Muitos líderes evangélicos sentem que, até agora, o ministério de oração em nossas igrejas não tem sido da variedade mais poderosa. Aprecio a maneira como George Otis, Jr. exprimiu essa idéia:

 

Embora a oração seja reconhecida rotineiramente como um importante componente dos esforços globais de evangelização, tais expressões, no mais das vezes, são mais um produto de hábitos religiosos adquiridos do que reflexões com base em convicções genuínas. Tal como outros povos religiosos ao re­dor do globo, 

oramos porque hesitamos em embarcar em em­preendimentos significativos sem primeiro prestar honras à nossa divindade familiar. Se Deus responderá ou não às nos­sas petições específicas é algo de menor importância para nós do que garantir que não o temos ofendido ao deixarmos de informá-lo sobre as nossas intenções. Nesse sentido, a oração é mais supersticiosa e profilática do que sobrenatural e procriadora.1

 

Conforme disse Bob Beckett em seu capítulo, grande parte de nossas orações tem-se parecido com o lançamento dos foguetes Scud, por parte de Saddam Hussein. Ele fazia bem pouca idéia de quais seriam os seus alvos, pelo que os efeitos de seus foguetes deixaram muito a desejar. Aqueles que oram a fim de livrar as pessoas da opres­são demoníaca têm aprendido, desde muito tempo atrás, falando em sentido bem geral, que os resultados são bem melhores quando os espíritos malignos são identificados e especificamente ordenados para deixarem as suas vítimas no nome de Jesus, em vez de ministrarem com uma vaga oração como: "Senhor, se há quaisquer espíritos, orde­namos que todos eles saiam em teu nome". Suspeitamos que outro tanto sucede quando oramos pelo livramento de bairros, cidades ou nações. O mapeamento espiritual é apenas uma ferramenta que nos permite sermos mais específicos e, esperançosamente, mais podero­sos em nossas orações pelas nossas comunidades.

Escreveu George Otis, Jr.: "Aqueles que dedicam tempo tanto para falarem com Deus quanto para lhe darem ouvidos, antes de se aventurarem em seus respectivos ministérios, não somente achar-se-ão no lugar certo e no tempo certo, mas também saberão o que fazer quando chegarem ali".2 Aqueles dentre nós que estão desenvolvendo o tema do mapeamento espiritual estão procurando aumentar a nossa capacidade de dar ouvidos a Deus e de nos comunicarmos uns com os outros sobre o que estamos ouvindo, com toda a exatidão possível.

O MAPEAMENTO ESPIRITUAL É BÍBLICO?

Vários dos autores que contribuíram para este volume reportaram-se à questão da base bíblica do mapeamento espiritual. Não é meu pro­pósito reiterar aqui os argumentos deles, mas apenas dizer que todos nós, que temos contribuído para este livro, vemo-nos como crentes bíblicos, e nenhum de nós ao menos consideraria recomendar alguma área do 

ministério ao Corpo de Cristo, se não estivesse plenamente convencido de que está ensinando de acordo com a vontade de Deus, de um modo que não viole qualquer verdade bíblica. Estamos pessoal­mente convencidos de que o mapeamento espiritual é um procedi­mento bíblico, pelo que estamos ensinando com base nessa premissa. Ao mesmo tempo, não ignoramos o fato de que há outros irmãos e irmãs em Cristo, da mais alta integridade, que discordam de nós. Vários deles têm publicado recentemente essas noções contrárias em livros e artigos. Agradecemos a Deus por nossos bem informados críticos e os abençoamos. Em primeiro lugar, eles têm conseguido perceber alguns erros nossos, sob a forma de declarações equivocadas ou exageros, e agora estamos no processo de corrigi-los. Ademais, sentimos que até mesmo os nossos críticos menos informados nos forçam a permanecer de olhos bem abertos e nos ajudam a aguçar aquilo que temos a dizer e o que temos a fazer. Mas em caso nenhum temos o desejo de entrar em uma polêmica e nem tentamos refutar os nossos críticos. Não nos incli­namos a dar a impressão de que nós somos bons, fazendo os nossos irmãos e irmãs em Cristo parecerem maus, razão pela qual o leitor não encontrará tal atitude neste livro.

Estamos plenamente cônscios do fato de que o mapeamento espiritual, juntamente com a guerra espiritual em nível estratégico, são inovações relativamente recentes que estão sendo introduzidas no Corpo de Cristo. Mas sucede que sentimos que estamos sendo impelidos pelo Espírito Santo. Mesmo assim, contudo, leis científicas sociais do conhecimento de todos, que cercam as questões da difu­são e da inovação, inexoravelmente estão entrando em efeito. Qual­quer inovação, mui tipicamente, atrai alguns primeiros seguidores, depois seguidores secundários e, finalmente, seguidores tardios. Em muitos casos, alguns recusam-se a adotar a inovação, conforme fica demonstrado pela existência da Sociedade Internacional da Terra Chata. O mapeamento espiritual, no momento, acha-se no estágio dos primeiros seguidores, sendo esse o estágio, conforme já seria de esperar, que estimula a controvérsia mais acesa. A reação nervosa dos crentes, quando se opõem a qualquer inovação, consiste em di­zer: "Isso não é bíblico", conforme sucedeu quando surgiu a Escola Dominical, e conforme fizeram alguns, quando se começou a falar sobre a abolição da escravatura.

Exemplos Bíblicos e Arqueológicos

Um exemplo de mapeamento espiritual pode ser visto em Ezequiel 4.1-3, onde Deus instruiu Ezequiel a preparar um mapa tosco da cida­de de Jerusalém, em uma tabuleta de argila, e, então, lhe disse: "a cercarás". Como é óbvio, isso refere-se à guerra espiritual, e não à guerra convencional.

Menciono isso porque algumas pesquisas têm trazido à tona o que é considerado pelos arqueólogos como o primeiro mapa conhe­cido de uma cidade, a cidade de Nipur, o antigo centro cultural da Suméria. Acha-se em uma tabuleta de argila admiravelmente con­servada, sem dúvida similar àquela que foi usada por Ezequiel. Os traços do mapa, desenhados por volta de 1500 A.C., constituem o que hoje chamaríamos de mapeamento espiritual. No centro da ci­dade está escrito "o lugar de Enlil. E também está escrito que na cidade "reside o deus do ar, Enlil, a principal divindade de panteão da Suméria".3 Poderíamos identificá-lo como o espírito territorial que dominava a Suméria.

Outros edifícios que aparecem nesse antigo mapa incluem Ekur, o mais renomado templo sumeriano; o Kagal Nanna, ou seja, o portão de Nanna, o deus-lua da Suméria; o Kagal Nergal, ou portão de Nergal, que era considerado rei do submundo e marido da deusa Ereshkigal; o Eshmah, ou "Santuário Sublime", que ficava nas peri­ferias da cidade, além de muitos outros.4

Mais um fato interessante. No capítulo escrito por Víctor Lorenzo, o leitor verá que parte do desígnio maligno e oculto da cidade argenti­na de La Plata envolvia quebrar, intencionalmente, o usual padrão latino-americano, em que as ruas apontam nas direções dos pontos cardeais: norte, sul, leste e oeste. A mesma coisa acontecia em Nipur! O assiriologista Samuel Kramer observou: "O mapa não estava orien­tado nas direções norte e sul, porém, mais ou menos em ângulos de quarenta e cinco graus".5

Ao que tudo indica, há alguns precedentes históricos quanto ao mapeamento espiritual.

Isso Glorifica a Satanás?

Desmascarar as astúcias de Satanás pode tornar-se algo tão fasci­nante que podemos começar a enfocar a nossa atenção sobre o inimi­go, 

e não sobre Deus. Isso deve ser evitado a todo custo. Se não evitarmos essa armadilha, cairemos nas mãos do inimigo. O principal propósito da existência de Satanás é impedir que Deus seja glorificado, e o motivo do diabo para tanto é que ele quer que a glória reverta para ele. Se ele puder, haverá de querer enganar os servos de Deus, fazendo-os desviarem-se para atividades que terminam por exaltar a criatura, e não o Criador.

Cada um dos escritores que contribuíram para este livro é um crente espiritual e suficientemente maduro no terreno da guerra espi­ritual prática, ao ponto de reconhecer plenamente os desejos de Satanás, não lhe satisfazendo os desejos. Eles concordam que a reação diante de tal perigo não deve ser retroceder e deixar o campo de batalha nas mãos de Satanás. A reação deve ser avançar tão agressi­vamente quanto for possível, a fim de descobrir os desejos, as estraté­gias, as técnicas e as armas de Satanás. As pesquisas que nos estão ajudando a fazer isso não visam glorificar a Satanás, tal como as pes­quisas acerca do câncer não visam glorificar o câncer. Mas quanto mais ficamos sabendo sobre a natureza, as causas, as características e os efeitos do câncer, mais preparados estaremos para erradicá-lo. Anos atrás, para exemplificar, as pesquisas sobre a varíola desmasca­raram muito de nossa ignorância acerca dessa doença, e, como resul­tado disso, milhões e milhões de vidas humanas foram salvas. E a varíola não foi glorificada; antes, foi derrotada.

Ainda há o perigo maior do que o de glorificar o inimigo, que é o perigo de ser ignorante sobre o inimigo. Gosto da maneira como William Kumuyi, o coordenador africano do A.D. 2000 Movement, e um dos líderes da Spiritual Warfare Network coloca a questão: "Por muitas vezes o Adversário tira vantagem de nossa ignorância. Se estivermos combatendo contra um inimigo invisível que está re­solvido a destruir-nos e não nos mostrarmos vigilantes, ou nem ao menos nos dermos conta de que está havendo um conflito, então o Adversário tirará proveito dessa nossa ignorância e nos derrotará ainda no meio da batalha".6

C. S. Lewis não escreveu Cartas do Coisa-Ruim a fim de glori­ficar a Satanás ou aos demônios, como aquele de nome Absinto, mas antes, para fornecer-nos instrumentos que nos capacitem a combater melhor os demônios, em nome de Jesus. Livros como este, que versa sobre o mapeamento espiritual, têm por desígnio o mesmo propósito.

NEM TODOS SÃO CHAMADOS À LINHA DE FRENTE

É apenas natural que alguém, ao ler um livro como este, venha a observar: "Quero ser como Haroldo Caballeros", ou então: "Quero ser como Bob Beckett". Nada há de errado em desejar fazer as coi­sas que esses crentes fazem, contanto que Deus nos chame para isso. A verdade, porém, é que Deus não chama todos os crentes para a linha de frente da guerra espiritual, tal como ele não chama todos os crentes para serem evangelistas públicos ou missionários transculturais. Para exemplificar, somente uma minúscula porcentagem daqueles que se alistam na Força Aérea realmente voam nos aviões de combate ou mesmo fazem parte de sua tripulação. Outro tanto aplica-se no caso da guerra espiritual.

A Igreja inteira é um exército, e está em meio a uma guerra espiritual. Todos os crentes deveriam entoar o hino "Avante, Solda­dos Cristãos". Mas nem todos os que estão no exército são enviados à linha de combate. Aqueles que estão na linha de frente precisam daqueles que ficam na retaguarda, e aqueles que ficam na retaguarda precisam daqueles que avançam para a linha de frente.

A LEI DA GUERRA

Quando os filhos de Israel estavam se preparando para conquis­tar a Terra Prometia, Deus baixou a lei da guerra. Essa lei é muito importante para nós, hoje em dia, quando percebemos que Deus esta­va preparando os israelitas para a guerra espiritual, e não apenas para uma guerra convencional. Qual exército convencional já con­seguiu conquistar e invadir uma cidade marchando ao redor dela por um determinado número de vezes e tocando trombetas feitas de chi­fres? Acredito que essas leis da guerra, registradas no capítulo vinte de Deuteronômio, são válidas para os nossos próprios dias.

Várias categorias inteiras de homens adultos e vigorosos, que em tudo o mais poderiam ter sido considerados guerreiros do exército de Josué, foram excluídos da linha de frente. Aqueles que tivessem aca­bado de construir uma casa podiam voltar para casa. Aqueles que tivessem plantado uma nova vinha também deveriam retornar. E aque­les que tivessem ficado noivos, embora não se tivessem ainda casado, também estavam dispensados. Algum raciocínio acha-se por detrás de cada uma 

dessas exclusões, no texto sagrado. Mas também ficou escrito que estaria dispensado todo homem "medroso e de coração tímido" (Dt 20.8).

É deveras significativo, em minha opinião, que não ficou registra­da qualquer nota de repreensão ou de desapontamento quanto a esses homens. Ao que parece, o lugar que cabia a eles era em casa, e não nos campos de batalha.Essa mesma lei da guerra foi aplicada posteriormente no caso de Gideão. Gideão começou com trinta e dois mil guerreiros em poten­cial. Desses, vinte e dois mil mostraram ser medrosos, e foram enco­rajados a voltar para casa. Então, dentre dez mil que de outro modo teriam sido elegíveis, Deus escolheu trezentos. Esses trezentos não eram os maiores, os mais fortes, os mais jovens, os corredores mais velozes, os mais experientes, os melhores espadachins e, nem mesmo, os mais corajosos. A maneira toda sua, soberanamente, Deus cha­mou trezentos para que fossem, e chamou nove mil e setecentos para que não fossem.É dessa maneira que o Corpo de Cristo deve funcionar. Deus dá dons e chama somente a alguns para serem evangelistas públicos e para pregarem o evangelho às multidões, postados em plataformas. Deus chama somente alguns poucos para deixarem seus lares e famí­lias, para irem como missionários a algum país estrangeiro e para al­guma cultura diferente. Mas esses precisam dos outros crentes que não sobem em plataformas e nem vão a outros países, para que lhes dêem apoio em todos os sentidos. E nós precisamos deles. O olho não pode dizer à mão: "Não tenho necessidade de ti" (1 Co 12.21).

 O coração de cada autor que contribuiu para este livro pulsa para que o mundo venha a crer; para que multidões de homens e de mulheres perdidos sejam libertados da negra opressão do inimigo e sejam atra­ídos pelo Espírito Santo para a gloriosa luz do evan­gelho de Cristo. Juntamo-nos a Jesus para orar para que o Corpo de Cristo seja um só no Espírito.

ORANDO PELA UNIDADE ESPIRITUAL

Estamos acostumados a ver a atuação dos evangelistas públicos e dos missionários transculturais. Mas também podemos aplicar os mes­mos princípios e modos de proceder quando nos empenhamos na guer­ra espiritual? Deus chama alguns crentes para irem até à linha de frente, ao passo que outros crentes ficam fazendo outras coisas. Aqueles que vão 

não deveriam pensar que são mais espirituais ou mais favoreci­dos por Deus do que aqueles que não vão. Aqueles que permanecem em casa não devem criticar aqueles que Deus chama para irem à fren­te de guerra. Antes, deve haver afirmação mútua e apoio de todos os tipos. Disse o rei Davi: "Porque, qual é a parte dos que desceram à peleja, tal será a parte dos que ficaram com a bagagem; receberão partes iguais" (1 Sm 30.24). Quando a batalha é ganha, todos se bene­ficiam com a vitória — tanto os que foram até à linha de combate quanto aqueles que ficaram em casa, tomando conta das bases.

Estou salientando esse particular porque penso que Satanás gos­taria muitíssimo de usar este livro para produzir divisões no seio do Corpo de Jesus. Jesus orou ao Pai nestes termos: "...para que todos sejam um... para que o mundo creia que tu me enviaste" (Jo 17.21).

O coração de cada autor que contribuiu para este livro pulsa para que o mundo venha a crer; para que multidões de homens e de mulhe­res perdidos sejam libertados da negra opressão do inimigo e sejam atraídos pelo Espírito Santo para a gloriosa luz do evangelho de Cristo. Para que possamos ver isso suceder, temos de aliar-nos a Jesus, oran­do para que o Corpo de Cristo seja um só no Espírito.

MANTENDO O ENFOQUE

Sei por experiência própria que o assunto do mapeamento espiri­tual pode ser tão fascinante que alguns podem cair no ardil de pensar que essa atividade é um fim em si mesmo. Ou então, pior ainda, al­guns poderão pensar que não se pode mais evangelizar, prestar socor­ro e desenvolvimento, ou realizar qualquer outra forma de ministério, se não houver mapeamento espiritual prévio.

O mapeamento espiritual não é uma finalidade em si mesmo e nem é um requisito indispensável para o ministério do evangelho. Mas deve ser visto apenas como outra ferramenta que nos ajuda em nossa tarefa da evangelização mundial. Exemplos de irrompimentos dramá­ticos abundam em lugares de trevas, como o Nepal, a Algéria ou a Mongólia, sem a ajuda do mapeamento espiritual. Entretanto, naque­las circunstâncias em que o mapeamento espiritual é possível, e quando ele é feito sob a unção do Espírito Santo, o potencial está presente para que haja avanços sem precedentes do Reino de Deus.